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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ciclos com ou sem Alma


A conversa de hoje no Sótão da Gina é intensa e iluminada ao contrário deste dia cinzento de Outono. Falar sobre os ciclos de vida quando sentidos com a alma é definitivamente outra coisa, mas há quem ainda não tenha chegado a este estádio, e pelo tal, não sabe a diferença entre viver os ciclos da vida com ou sem alma.

Quando se menciona a palavra alma, há logo quem pense “pronto” lá vão elas falar de religião – mas não, nada disso; cada um terá, ou não, a sua e esse é um tema que não será abordado aqui no sótão, porque tal e qual como política e futebol, são temas que deixamos entregues aos  entendidos.

Segundo consta - Alma é um termo derivado do hebraico nephesh, que significa vida ou criatura , e também do latim animu, que significa "o que anima”; espiritualmente  significa o princípio inteligente do Universo, o ser real, circunscrito, imaterial e individual que existe no ser humano e que sobrevive ao corpo, estando sujeita à Lei do progresso, ou seja, a de se aperfeiçoar por meio da Reencarnação em várias encarnações progressivas até atingir a perfeição, o estágio de Espírito Puro, quando não tem mais a necessidade de reencarnar.

Em palavras simples e nossas - a alma – é o que dá sentido à vida.

Em palavras tecnológicas – a alma – é o nosso disco rígido – é nele que é gravado tudo o que somos e fazemos, mas há alturas que o melhor é, tal como num computador, formatar, e começar de novo, sendo que nunca é tarde demais para o fazer.

Ciclos com ou sem Alma
Mas falando concretamente dos ciclos na vida, e há vários – os astrológicos, os numerológicos, os que são identificados como fases da vida - a infância, adolescência, adulto e velhice, cremos que  os mais fascinantes são os denominados de  seténios, e vejamos porque o achamos.

Segundo consta nos estudos dos seténios, que se baseia na medicina tradicional chinesa e na antroposofia (dos gregos) - a vida é dividida em 10 fases, estabelecidas a cada 7 anos - sendo a primeira dos 0 ao 7 anos de idade, e assim por diante. A cada fase um novo ciclo começa, com mudanças em vários aspectos da vida de cada um.

Chineses e gregos foram os primeiros a observar que as mudanças biológicas e espirituais que ocorriam de sete em sete anos; razão pela qual chamaram as fases  de seténios. Se cada um respeitar o ritmo de cada seténio chegará certamente à décima fase, ou seja, 70 anos, com muito mais consciência e sabedoria.

Assim, depreende-se que o objectivo dos seténios, é alertar as pessoas das fases existentes na vida para que saibam das mudanças e as aproveitem de modo saudável, e em modo vigilante e desperto possam beneficiar das oportunidades de renovação, com pragmatismo e estímulo diário para um amanhã sempre melhor.

Ciclos com ou sem Alma

O modo vigilante e desperto é acompanhado de confiança do crer sem ver, do querer pelo sentir, em vez do ver para crer ou do nem querer sentir, ou ver ou crer. Este modo aguça a intuição, exercita-a e dá-lhe instruções para que participe cada vez mais nos ciclos e ajude a aperfeiçoar os dias. A razão, é por vezes um pouco inimiga e desmancha-prazeres, dificultando ou impedindo que a alma veja de forma límpida e iluminada, mas há que fazer silêncio e ouvir para ver melhor e sentir ainda de forma mais refinada.

Ninguém é perfeito, aliás segundo a teoria sobre a alma, se o fossemos já não estaríamos cá… mas se nos for dada a oportunidade de aperfeiçoamento continuo (?!) enquanto por cá andamos, porque não ouvir o que a alma nos diz e aprender a saborear melhor tudo o que fazemos?

Há quem entenda que as dificuldades são todas uma tragédia e passa por elas repetidas vezes sem sequer tentar modificá-las – mas também os há que sabem encará-las de frente e sem medo, num ciclo novo acordam mais atentos e despertos para o que lhes dá mais prazer.
  

Ciclos com ou sem Alma
No Sótão da Gina cremos por unanimidade que tudo tem uma razão de ser, e se chegar ao ponto de conseguir perceber como e porquê, os seus ciclos correram desta ou de outra forma, isso fará com que se aperceba também qual a sua missão em cada ciclo, e talvez até qual o projecto de vida que escolheu antes de cá chegar, e aí, talvez só aí, aperceber-se-á da diferença que existe em passar os seus ciclos com ou sem alma. Perdoem-nos a comparação metafórica, mas é quase como que comer um pastel de nata sem canela – ser bom é,  mas não é de todo a mesma coisa.   

E já vai sendo hábito deixar aqui um vídeo, uma música adequada, então aqui vai: Fechem os olhos e abram alma. 



terça-feira, 19 de maio de 2015

Casas com Alma Esquecida

Por todo o país se podem encontrar casas devolutas; na cidade de Lisboa, o flagelo é bem grande e hoje tornou-se no tema de conversa no Sótão da Gina, ao qual acabámos por intitular de Casas com Alma Esquecida.

Quando se passeia atentamente pelo campo, dá dó ver a quantidade de casas abandonadas à sua sorte, algumas de grande dimensão e opulência. Muitas terão certamente contribuído para a grande felicidade nas férias de muitas crianças de outros tempos. Amparadas apenas pela natureza, permanecem em pé até que essa mesma amiga natureza lhes vá permitindo, até que nada mais sobre que um amontoado de um resto de tudo e nada.

Casas com Alma Esquecida

Na cidade de Lisboa muito se poderia fotografar e escrever sobre as casas devolutas que foram abandonadas sem dó nem piedade e deixadas assim à sua sorte como que se nunca tivessem alma adentro.
Parámos em duas, muito perto entre si, vizinhas de prédios altos e modernos para que a sua pequenez seja ainda mais evidente.


Casas
 com
 Alma Esquecida
Reparámos em pormenores.

Fotografámos e imaginámos o que se teria passado entre aquelas paredes quando eram novas e cheiravam a tinta fresca.

Na casa de dois pisos, o nº 56 construída em 1873, em plena monarquia e reinado de D. Luís I, nesta casa que ainda hoje mostra orgulhosamente as iniciais (JRC) do seu ou sua proprietária, imaginámos as tertúlias à volta de uma simples taça de arroz doce acompanhada de um cálice de vinho do Porto, e conjecturámos o que levaria alguém abandonar esta casa deixando por lá as cortinas brancas-alvas nas janelas que outrora serviram de filtro entre os ocupantes em amena tertúlia e os olhares curiosos de quem pela rua passava. Que histórias guardarão aquelas paredes hoje sombrias e decrépitas, de alma esquecida, do século passado?

Não muito longe do nº56 ergue-se à sua sorte uma pequena casa cor-de-rosa, sem número de porta, mas pomposamente mostrando que também outrora tinha cortinas brancas-alvas. Aos transeuntes resta-lhes a curiosidade de ver as cortinas esvoaçarem por entre o entaipamento de tijolo e o exterior, imaginando o que aquela casinha cor-de-rosa hoje com a alma esquecida, contaria quando nela habitavam gentes com alma e vigor, num então desconhecido por quem hoje por ela passa.

Casas com alma esquecidas deveriam ser preocupação de quem hoje tanto se empenha em lançar betão em qualquer metro quadrado que exale a lucro fácil e rápido.

Casas com Alma Esquecida
Muito poderá ser feito se sociólogos e historiadores também queiram contribuir para a recolha de informação destas casas com alma esquecida espalhadas pela cidade de Lisboa, e em conjunto com os arquitectos da autarquia (que são em grande número) demonstrem interesse para as reconstruirem, reabilitarem e devolverem à sociedade de forma a poderem ser de novo orgulhosamente úteis e habitáveis.

No Sótão da Gina fica a inquietação e o sabor amargo de tanto para dizer, tanto para fazer e de repente até é resolvido por qualquer chinês que compra uma destas casas com alma esquecida e a devolve à sociedade, falando um idioma que ainda não dominamos mas que a par e passo nos vai dominando o nosso quotidiano.
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