Em criança, muitos de nós, habituámo-nos a ouvir
a frase que está no tema de conversa hoje no Sótão da Gina, e a razão pela qual
falamos sobre a mesma é, de facto, para analisar o peso que tem durante o resto
da vida de cada um de nós, quando repetidamente ouvimos dizer “quem manda sou
eu”.
A interlocutora, nunca usou tal
frase para impor quer que seja, apesar de ter filhos adultos e ter tido alunos, no entanto enquanto filha e aluna, ouviu a
infeliz frase “quem manda sou eu”, ou suas derivantes, que na altura lhe
impedia vontades, lhe tolhia passos, lhe cortava desejos e lhe soava a autoritarismo
puro, duro, e sem qualquer explicação, sentido ou até necessidade.
Quem Manda Sou EU |
Soava antes, soa hoje –“quem
manda sou eu” é igual a autoritarismo sem qualquer sentido, mas também pode
ser a falta de poder de argumentação, a impossibilidade de explicar os prós e
contras, ou a falha em saber implementar a simples pedagogia, contida na ideia
de que tudo é possível mas nem tudo é aconselhado.
Razões para a utilização da prepotente
frase podem ser várias, e ainda que, para alguns pareça ser porque existe um
vazio de conteúdo para dar qualquer explicação, será de lembrar e relembrar que
a tirânica frase “quem manda sou eu” pode condicionar a criança, que se vai convertendo
em jovem e chega a adulto pensando no peso que a mesma teve e tem para o seu desenvolvimento pessoal
como pessoa que nasce com o seu livre arbítrio, e começa a duvidar - para que isso serve - se pela vida fora lhe forem lembrando que
quem manda é sempre alguém que não o próprio (!?).
Quem Manda Sou EU |
Na sociedade de hoje, em que de
maneira geral, se pensa que tudo é permitido, é urgente ensinar e enfatizar que
há sempre consequências em todos os nossos actos, em vez de simplesmente achar
que se utilizar a frase – quem manda sou eu – vai solucionar o problema.
Há quem aprenda, tal como quem
vos escreve, que aquela frase que ouvira sucessivamente seria algo que nunca
viria a utilizar quando já tivesse a idade da emancipação de então (18 anos);
há no entanto quem considere que se foi vítima da frase quando criança e jovem,
deve repeti-la hoje e sempre porque só assim impõe a sua autoridade.
A liberdade de pensamento, o
livre arbítrio nas acções - nos objectivos e suas consequências, a diplomacia e
boa educação, o apoio no discernimento do que é aconselhável (ou não), devem
ser temas prioritários na pedagogia a utilizar, em vez, do débito directo e
curto da frase “quem manda sou eu”, que muitas vezes se segue com - e não se
fala mais nisso, ponto final!
Quem Manda Sou EU |
A pensar, a falar, a explicar é que
as pessoas se entendem – e no Sótão da Gina chegámos à conclusão que a frase “quem
manda sou eu” é das mais infelizes e a ser evitada no leque de vocabulário de
quem quer que seja, mas se entre os leitores houver algum psicólogo gostaríamos
de saber a sua opinião!
De qualquer forma cremos que chegou
o momento de reflexão sobre o respeito pelo próximo, e assim viver uma vida
completamente nova, usando métodos diferentes e pedagógicos.
Como há sempre um polo negativo e
um positivo, nesta conversa toda enfocámos mais o negativo, mas a título de
encerramento deste raciocínio, que tal pensar que a frase “quem manda sou eu”
pode ser bem positiva se precisar ou pretender dar uma ordem à sua vida e disser
a si próprio, ao seu eu, ao seu pensamento, que quem manda nela (na sua vida) é
mesmo você?