– esse grande palavrão, esse grande vilão, esse grande papão
Ser austero significa ser
rigoroso –tão simples quanto isto!
Para quem em Portugal nasceu
antes do 25 de Abril de 1974, e já era crescidote antes da Revolução dos
Cravos, sabe bem que éramos criados por pais austeros, e porquê? - Porque era
assim naquele tempo… primava-se pelo rigor em tudo incluindo na educação –
havia exageros e excepções como em tudo, mas o resultado era em grande maioria positivo.
Traumas há sempre – por isso apesar de pessoalmente achar que foi adequado tudo
o que se aprendeu naquele tempo sobre o rigor, há quem não concordasse e logo
no dia a seguir à revolução veio para a rua gritar que daí em diante não
haveria mais rigor, e que a quase anarquia seria o caminho a seguir.
O resultado está à vista.
Confundiu-se naquele então muita
coisa; vivíamos com um governo ditador e após o 25 de Abril mudou-se isso –
passou a haver não só o direito a voto, como também liberdade de expressão em relação a assuntos de índole política. Deveria
ser apenas isto, de forma simplista sim, mas apenas isto, a entender porque só isto havia alterado... mas não; os traumatizados entenderam que deveria ser tudo diferente e
que o rigor era algo do passado, do tempo do outro senhor.
Austeridade – esse grande palavrão, esse grande vilão, esse grande papão |
Ainda hoje se confunde a
diferença entre viver em ditadura com a actualidade e continua a reflectir-se na
sociedade portuguesa porque é transmutada de geração em geração. Para além
desta confusão há a da ideologia que está a transtornar muitas mentes, e a
impedir de ver a realidade tal como ela é.
Ser austero passou a ser olhado
como algo repelente, porque a anarquia era algo bem mais apetecível, era mais
giro ser rebelde, mas para tal haveria sempre alguém a amparar os exageros, os devaneios,
a libertinagem, o chico-espertismo – havia e há – há sempre alguém a limpar os
estragos de uns em detrimento de outros!
O conforto de uns (perdoem o pleonasmo) não deveria
nunca significar o desconforto de outros!
Avançando para a palavra de hoje
que nos levou à conversa - austeridade –
esse grande palavrão, esse grande vilão, esse grande papão, depois de
introduzido o termo austero que significa rigor, é evidente que austeridade significará
utilizar rigor e em economia será nada mais que rigor no controle de gastos ou
nas contas.
Ora se depois de 1974 tantos
deixaram de acreditar no rigor como modo de vida, rapidamente chegaram também
ao descontrole dos gastos públicos, e daí em diante tem sido um descalabro cada
vez mais gigantesco. Assim, continua-se num modo de vida do tipo - uns a trabalhar
muito para sustentar outros, em vez de todos trabalharem para o bem comum de
forma equitativa e equilibrada.
Austeridade – esse grande palavrão, esse grande vilão, esse grande papão |
A pergunta que se faz hoje é: – é afinal assim tão mau ser austero e utilizar a austeridade quando na realidade isso significa ser rigoroso e valer-se do rigor e equilíbrio de tudo na vida incluindo as contas próprias e as públicas?
Por aqui imaginamos as respostas –
mas enquanto nos bombardeiam com a ideia de que ser austero e a austeridade é
um mal dos mais maléficos que há no mundo e arredores, porque quem o faz
defende apenas e exclusivamente os seus interesses próprios ou da empresa ou instituição
que representa – gostamos de pensar por nós próprios, sem ir atrás de qualquer credo,
fé, crença ou ideologia.
Reflectimos e indignamo-nos com a
forma perversa como a palavra austeridade é utilizada e replicada –
consideramos que é repugnante; vai muito além da demagogia porque serve propósitos
muito concretos de derrubar uns com prejuízo para outros e isto não é de todo viver
em democracia.
Politiza-se demasiado a vida em
Portugal!
Ao ouvir a sociedade civil falar
de política e políticos no dia-a-dia, até parece que somos o país com o maior
número de licenciados em Ciência Política, de facto ouve-se falar demasiado
sobre muitos temas desconhecidos, repete-se e replica-se até as mentiras à exaustão
(…), e responsabiliza-se por vezes os outros em vez de olharmos para nós e
perguntarmos se estamos a fazer algo para mudar a situação ou simplesmente
olhamos e criticamos!?...
Austeridade – esse grande palavrão, esse grande vilão, esse grande papão |