A conversa não é meiga, não vai acompanhada de fotografias belas, e nem vale a pena saber porque veio à
baila hoje este assunto, até porque pode ser tão recorrente nas conversas do
dia-a-dia, que no Sótão da Gina até já quase que o consideramos banal ao de
volta em vez, dizer “santos de casa não fazem milagres”.
Colocando o dedo bem no centro da ferida e escarafunchando
bem no significado deste ditado popular português “santos de casa não fazem
milagres” não podíamos deixar de mencionar o assunto que tantos, enquanto,
outros tantos fazem de conta que não é bem assim: o assunto do acolhimento dos
refugiados vs os nossos sem-abrigo.
Santos de Casa não fazem Milagres |
Que melhor não assenta o ditado “santos de casa não fazem
milagres” a este assunto (?!) que assola uns, incomoda outros, enquanto que, a
outros é assim como que algo que tanto lhes faz, até porque estamos na altura de oferecer uns
quantos casacos e mantas, mais umas
quantas ceias aos sem-abrigo e com isso a alma fica lavada até para o ano que
vem. Isto numa margem de um rio bastante
largo, porque na outra margem estão os refugiados que ao chegarem a Portugal são
recebidos como VIP´s no aeroporto, bem acolhidos e bem acomodados em boas casas e com bons subsídios
para assim fazerem uma vida digna e confortável.
Lamentável este rio tão
largo que nos separa.
Os nossos santos, de facto,
não conseguem fazer milagres em sua própria casa.
Os nossos sem-abrigo não precisam só de casacos, mantas e uma
ceia de Natal. Precisam sim, urgentemente de psiquiatras e psicólogos para os tratarem
e ajudarem a serem reintegrados nas suas
famílias e na sociedade. O associar os sem-abrigo a pessoas que não têm casa porque
não têm emprego é no mínimo enganador, quase-quase a dar para o embuste.
Dar casacos, mantinhas, sopinhas e ceias de Natal aos
sem-abrigo convêm muito às múltiplas IPSS e afins que vivem à conta de
pagamentos dos nossos impostos, e por isso a abordagem é colocar um penso em
vez de curar a ferida.
Em Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia fez um levantamento em 2013, sinalizando os sem-abrigo de Lisboa, mas falta o resto, todo o resto do quase
nada já feito - por isso colocam-se tantas questões que nos fazem repetir vezes
sem conta com alguma mágoa – os nossos santos
não fazem milagres na sua própria casa porquê?
- Se para os
refugiados surgiram muitos mais voluntários que refugiados
- Se para os refugiados multiplicaram-se as associações,
fundações, confederações, IPSS, comunidades, bancos, redes, e um mais não sei o
quê de aglomerados de gente conhecida a apoiar a fazer um não sei o quê
- Se para os refugiados a UE disponibilizou fundos para lhes
oferecer todas as benesses para uma vida digna
- Se para os refugiados quem não apoia é considerado
indecoroso ou xenófobo
E afinal dos quase cinco mil que nos foram alocados só 50
aceitam vir para este nosso rectângulo à beira-mar plantado de gente, onde
muitos dos ditos e ditas empresas de voluntariado, movem-se não com combustível
voluntário e gratuito mas sim com combustível chamado euros e mais euros em subsídios
da UE. Triste, e indecoroso!
Para os nossos sem-abrigo é preciso o quê? É preciso mover
qual céu e qual terra, para mobilizar toda uma comunidade tão qualificada como
a dos refugiados? À pois – a UE não paga subsídios para reintegrar os seus sem-abrigo…
Triste, e indecoroso!
Santos de Casa não fazem Milagres |
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