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domingo, 15 de novembro de 2015

Agradar a Quem ?

Homens tentam agradar a mulheres, mulheres tentam agradar a homens, funcionários tentam agradar a patrões, amigos tentam agradar a amigos, filhos tentam agradar a pais, pais tentam agradar a filhos, e poderíamos continuar numa lista infindável de quem tenta  agradar a quem (?) nesta conversa de hoje no Sótão da Gina,  sem chegar a nenhum consenso porque cada um tem a sua opinião bem vincada e sabe a quem há-de agradar, ou não…

Na sociedade actual em que tudo deve ser supostamente  rápido, muitos vivem experiencias quase todas efémeras, e daí agradar ou não agradar acaba por não ter muita importância – é assim como que um “soma e segue”; enquanto que para outros, pelo contrário, basta-lhes agradar a tudo e todos porque é mais fácil e rápido. Tanto aos primeiros, como aos segundos falta-lhes a verdadeira percepção do que é agradar a si, ao próprio, ao seu eu, que é nada mais nada menos que o ser mais importante da sua vida, e muitas vezes nem pararam sequer para pensar nisso.

Agradar a Quem?
Não é mau tentar agradar a quem se ama, a quem se gosta, e nisto estamos todos de acordo, mas nunca deve ser de forma mecânica, automática, do fazer por fazer, por obrigação, por pena, ou pior ainda - à espera de alguma espécie de retorno.

Não deve haver nada mais gratificante que agradar a alguém que se ama ou se gosta pelo imenso prazer que lhe dá a si – é como um agrado-te porque me agradas sendo apenas quem és. Mas este privilégio só está disponível aos despertos e dispostos que, normalmente, são também bem-dispostos porque conhecem a felicidade de perto e por consequência  são de sorriso fácil.

Mas será que o agradar também tem a ver com tempo e o alegado falta do mesmo? Repare que a palavra “alegado” não foi colocada ao acaso e já lá iremos! Já o Principezinho dizia à Raposa que não tinha tempo quando ela lhe dizia – “Cativa-me” no livro de Saint-Exupéry. Na verdade, logo de seguida assumiu que não sabia o que a palavra significava, ao que a Raposa lhe respondeu: “criar laços”. Ou seja, ele, que nem sabia o que a palavra significava, prontificou logo a resposta de não ter tempo. Parece ser mais fácil dizer não ter tempo em vez de dizer a real razão de não querer cativar ou agradar – dá trabalho?  – é preciso justificar?, é preciso identificar a sua identidade (passe a redundância) ?  ser frontal? deixar a sua marca doa o que doer? – Talvez seja tudo isso, mas também é ser igual à sua génese, ser verdadeiro, ser real em vez de uma cópia de um outro qualquer.

A sociedade está mais vocacionada para ensinar-nos a seguir o caminho das maiorias, mas será que esse caminho é o correcto para mim? E para si? Já pensou? Afinal, quer agradar a quem, à sociedade ou a si? Quem manda em si, a sociedade, ou você? Quando referimos a sociedade é apenas a título exemplificativo, poderíamos usar o pai, a mãe, o marido, a mulher, etc.

Agradar a Quem?
Se é daquelas pessoas que se importa mais daquilo que os outros pensam de si do que propriamente o que você pensa de si, então esta conversa de hoje, no sótão, não lhe diz nada e pode seguir a assobiar para o lado porque vai continuar certamente a fazer parte daqueles que agradam a tudo e todos porque sim – porque é mais fácil e usam a desculpa do não ter tempo assim do tipo: - olha, estava agora mesmo de saída, mas gosto muito de ti, adoro-te, depois falamos! A falta de tempo, nestes casos, é apenas uma desculpa para evitar a verdade, e esta pode ser tão simples como “hoje não me apetece”, porque os nossos ritmos são simplesmente diferentes.

Agradar, cativar, criar laços  -  dá trabalho, mas nada se faz sem trabalho, sem empenho, sem fazer as opções certas para si, esquecendo os estigmas e tabus que outros podem carregar e tentar descarregar nos seus ombros.

Agrado-me , cativo-me, crio laços com o meu eu, porque sou o ser mais importante desta minha vida,  e depois vou oferecer a todos os que escolho, um a um, dando um pouco ou o  muito  de mim, na minha medida certa,  agradando, cativando, criando e fortificando laços, ou então pelo contrário – sem deselegância,  dizendo não,  cortando laços, fechando portas, justificando o real porquê sem desculpas ou rodeios  falsos  –  porque seja qual for a razão só assim consigo agradar-me e assim  sentir o prazer que a vida me ofereceu quando nasci: -  o de fazer “eu” as minhas escolhas, a ter uma voz, ser eu a seleccionar  a quem agrado para além de mim - mas esta é a opinião da interlocutora e talvez não transpareça a opinião total no Sótão da Gina, onde as opiniões se dividem pelas personalidades diferentes que moldam, limitam  e por vezes incapacitam de viver mais em plenitude. Por isso, por haver todo um universo de conceitos diferentes, pergunte-se hoje “agradar a quem?”  e faça depois uma reflexão sobre o assunto.

Bom domingo, fique bem e se quiser ouça o Diogo Piçarra no tema Verdadeiro que lhe dará mais uma perspectiva sobre este tema de Agradar a Quem? 



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