quinta-feira, 24 de abril de 2014

Memória Fotográfica e Memória Selectiva

Pode a  memória fotográfica ser  também selectiva?


Há temas fascinantes abordados no Sótão e o de hoje é deveras um deles, concernem a memória, mais concretamente a Memória Fotográfica e Memória Selectiva.

Memória Fotográfica e Memória Selectiva

Memória eidética, ou mais popularmente conhecida como Memória fotográfica, é a capacidade de se lembrar de algo que ouviu ou viu, com um nível de detalhe pormenorizado quase perfeito. A palavra eidética vem do grego εἶδος (eidos), que significa visto, e é actualmente usada para descrever algo marcado por, ou envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vívidas, especialmente as visuais. 

Memória selectiva é tão simplesmente, a memória que inteligente e prudentemente selecciona apenas aquilo que lhe convém ou aquilo que lhe é agradável.

António Damásio, o brilhante e bem conhecido neurologista e neurocientista português que tem dedicado parte da sua vida a estudar o cérebro, a memória e a relação com a consciência, no seu livro “The Feeling of What Happens” (Sentimento do que Acontece) que foi editado apenas em inglês, escreveu o seguinte  na página 332, que traduzi da forma mais fiel, possível, ao original:

  …Toda a nossa memória, herdada da evolução e disponível no nascimento, ou adquirida através da aprendizagem a partir daí, em suma, toda a nossa memória das coisas, das pessoas e dos lugares, dos eventos e relacionamentos, de competências, de normas biológicas,  existe  em forma disposicional (sinónimo de implícito, secreto, não-consciente), esperando para se tornar numa imagem explícita ou acção. Note-se que esta disposição não está em palavras. São registos abstractos de potencialidades…

Parece perceptível na leitura deste trecho que a memória fotográfica existe em qualquer cérebro humano, já a utilização dessa potencialidade por qualquer um, não é assim tão clara. Afigura-se quase à analogia de ter uma fortuna e não gastá-la!

E se a memória fotográfica fosse também selectiva?


Memória Fotográfica e Memória Selectiva

Combinar estas duas potencialidades, funcionalidades ou valências da memória deve constituir o melhor dos dois mundos: - o que nós vemos e o que queremos gravar para mais tarde recordar.Quem não gosta de recordar com pormenor de circunstância, uma experiência absolutamente extraordinária ocorrida há imensos anos atrás? Quem não gosta de recordar situações dessas que envolvem quase sentir o cheiro e as sensações desse então?

Tenho a felicidade de ter várias, senão inúmeras memórias gravadas onde muitas delas remontam a situações de infância, e ao escrever sobre este tema, e utilizando a analogia de “ter uma fortuna e não gastá-la”, cheguei à conclusão que tenho um tesouro guardado no meu cérebro e o único “bico-de-obra” que ainda estou a aprender a resolver, é como continuar a preservar desta forma tão vívida e gastar com conta e medida, de forma a nunca me faltar todas as memórias que me fazem bem e me ajudam na evolução e aperfeiçoamento.

E você? Também tem memória fotográfica e memória selectiva




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